A idiotice é vital para a felicidade

Tenho um quadro do lado da cama com algumas regrinhas a não esquecer:

  • sempre diga a verdade
  • use palavras gentis, como por favor e obrigado
  • mantenha suas promessas
  • perdoe mesmo quando for difícil
  • dê o seu melhor e tenha orgulho de si mesmo
  • dê beijos, abraços e ame todos os seus
  • seja feliz e divida sua felicidade
  • sorria e respeite o outro

Eu, mesmo tendo esse quadrinho a tentar me lembrar todas as manhãs, acordo com o despertador do celular, entro nas rede sociais, depois no meus e-mails, tudo ainda na cama, ponho a chaleira para esquentar, ligo o rádio no jornal da manhã, vou tomar um banho e minha cabeça já começa a trabalhar em todas as tarefas que tenho a realizar durante o dia. Algumas vezes, em meio a isso tudo, envio uma mensagem de bom dia ao meu amor que está do outro lado do oceano. Nem olho o quadro, nem sorrio a agradecer o dia, nem penso nas pessoas que amo, nada disso.

Hoje acordei incomodada, pensando em como nos boicotamos sem perceber e tentando entender porque fazemos isso. Por que nos esquecemos de regar nosso jardim das boas coisas da vida? Por que nos deixamos. No banho esse pensamento mudou para: Porque querer entender tudo isso?  Por que querer ter resposta para isso e para aquilo também? Porque pensar tanto?

E daí que, me deparei com um trecho de um texto, que reproduzo logo abaixo chamado: A idiotice é vital para a felicidade. E concluo que não importa O POR QUE* de esquecermos, O POR QUE de nos boicotarmos, O POR QUE de não dizermos o quanto amamos, O POR QUE  de não sorrirmos mais, O POR QUE de não abraçarmos mais…. POR QUE? PORQUE? O PORQUÊ?

Sei não….

Concluo que o que importa de verdade é que se todas essas coisas boas lhe faz falta, simplesmente é momento de trazê-las de volta para o seu dia-a-dia e tudo.  É muito mais divertido e saudável ter um tanto a mais de idiotice na vida do que querer buscar uma resposta racional para a sua ausência.

 

Bom dia segunda-feira

……….

A idiotice é vital para a felicidade.**

“Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!…

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas… a realidade já é dura; piora se for densa.

Dura, densa, e bem ruim.

Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida – e esse é o único “não” realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir…

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”

…………….

*  nunca sei como escrever os porquês, quando usar acento, quando é separado ou não

**não tenho certeza da autoria, mas me parece que é do Ailin Aleixo

 

notas sobre o tempo

o tempo de acordar
o tempo de dormir
e o tempo do dia
é diferente do tempo da noite

o tempo da linha
o tempo do desenho
o tempo do bordado

o tempo da descoberta
o tempo do fazer
o tempo de olhar
o tempo da espera
e o tempo de olhar novamente

o tempo da semeadura
o tempo de florescer

o tempo de cozinhar
o tempo de comer

o tempo de encontrar
o tempo a perder
o tempo a correr

o tempo que não chega
o tempo que já foi

o meu tempo
o tempo do outro
o nosso tempo

…..

Esses dias me deparei com um texto da ilustradora Juliana Rabelo sobre o tempo a partir de uma frase da Fernanda Meireles (Loja sem Paredes):  “Me dê um tempo e lhe dou algo muito bonito”. Incrível! Tão lindo.

Acho que uma das minhas maiores dificuldades é lidar com o tempo. Sou ansiosa, meio polvo, meio antena, um tanto elétrica, com tempo fracionado na medida para cada uma das mil coisas que me proponho a fazer em um único dia.

E assim, cada vez mais, estou onde não estou. Um olho aqui e outro acolá. O corpo aqui, o coração ali e a cabeça sabe-se lá aonde. Tudo para ontem, tudo para terminar rápido, com tempo contado, fazendo agora pensando no que vem depois.

Cada vez menos paciente para comigo e para com os outros. Cada vez mais exigente e cheia de expectativas malucas e frustradas.

Quem me conhece sabe que já sei disso há tempos, que falo disso um bocado, que não assumo sempre, que sofro e rio ao mesmo tempo (hahahahah) e que sempre digo que será diferente…

Ok, ok. Então, me vem a fatídica pergunta:

Quando é que me chega o tempo de mudar?

dormiam de bruços

dormiam de bruços

amanheciam abraçados

cochichavam ao pé do ouvido

assim bem baixinho, pequenino

palavras de amor

olhos ainda cerrados

sorriso meio acordado

daquele que pende para um só lado

os pés se tocavam

buscando o enrosco dos cúmplices

um último roçar de pele

antes do dia despertar

o desejo atravessa

Nas andanças por São Paulo, me deparei com o estêncil o Desejo Atravessa no cruzamento da Rua Matias Aires com a Frei Caneca. Na hora fotografei para o projeto cidade en letra da do Desejos Urbanos, sem saber muito bem o que poderia virar…

odesejoatravessa

Estava em vésperas da minha primeira viagem de estudos sozinha para outro país, atravessando o oceano, um desejo antigo a ser realizado. Achei mágico me deparar com aquele estencil exatamente nesse momento da minha vida. E lá fui para a minha viagem.

Nesse percurso tentei várias vezes desenhar a ideia dessa travessia e nada se concretizava. Já adentrava nas últimas semanas de viagem e me dei por frustrada, não conseguia projetar nada.

Até que fui para um encontro de ilustradores, um atelier de imersão durante uma semana com o designer japonês Katsumi Komagata. Em meio ao atelier tinhamos que projetar um livro ilustrado e.. uau! como mágica, ainda nem sei bem precisar como, o projeto O Desejo Atravessa se realizou… saiu de mim e através da forma de um pequeno barco de papel e da linha do bordado foi se costurando em um projeto de livro.

Isso aconteceu ao meio do ano passado, mas decidi compartilhar agora, porque só hoje me dei conta: o desejo é capaz de transpor medos, preconceitos, obstáculos e oceanos.

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em pedacinhos

um aqui,

outro lá

e mais um que de tão escondido nem sei onde está

post dos pequenos desejos

Há cerca de um ano e meio comprei um caderno para fazer desenhos e a primeira coisa que fiz foi escrever alguns desejos nas suas duas primeiras páginas.

A chamei de…

Minha lista de desejos para a vida que continua a partir de hoje

Levar mais amigos em casa

Iniciar o pagamento de uma previdência privada

Ser menos encanada, pensar menos (humm, estranho esse pedido…)

Yoga 3 vezes por semana

Cultivar minhas rugas de sorriso

Me preparar para uma pequena viagem de bicicleta

Fazer uma pequena viagem de bicicleta

Desenhar todos os dias

Viajar… pelo Brasil e pelo mundo

Ter uma casa com um pequeno jardim com temperos, flores, frutas e folhas bem verdinhas

Ter menos vergonha de fazer as coisas que tenho vontade de fazer

………

Ao retomar, hoje, essa listinha com desejos tão simples, tão meus, fiquei muito feliz. Alguns deles já consegui iniciar e outros já realizei. Então, decidi acrescentar mais alguns:

Ir ao cinema uma vez na semana

Passar mais tempo com a minha pequena grande família

Me permitir tomar café da tarde ou ter um bom jantar demorado com pessoas queridas (sem culpa sobre o horário)

Fotografar pessoas no seu dia a dia

Desenvolver um trabalho com arte que seja útil para mim e para a sociedade

Ser mais engajada com o que acredito, mesmo que pareça confuso de início

Voltar a estudar

Fazer da leitura um hábito

Aprender outro idioma

Dizer mais eu te amo

Agradecer todos os dias a grande oportunidade que tenho por estar aqui

………

Nesse momento, estou em viagem – em Barcelona, Espanha – para aprender algumas coisas: castellano, ter menos vergonha de fazer o que gosto, desenhar mais e encanar menos.

Diria que estou indo bem e cultivando aos montes minhas rugas de sorriso.

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meu amor?

Bóra retomar o blog, mas hoje vai de copy paste.
Me deparei com esse texto daquele jeito que a gente nem sabe como, sabe?
Clica aqui, clica acolá, entra no perfil de um amigo do amigo no FaceBook, lê um post que te leva a outro, daí checa a fonte (nem sempre…) e chega no Fabrício Carpinejar…
Sei, sei… já devia tê-lo conhecido, já devia tê-lo lido, já devia ter me apaixonado por ele… mas é aí que me dou conta que tudo tem o seu tempo certinho de acontecer. E chego a conclusão que não tinha jeito mais lindo de eu conhecer Fabrício Carpinejar.
….
MEU AMOR
Todo mundo repara ou lembra quando empenhou a primeira vez eu te amo numa relação.
Qual o momento exatamente. O dia, a hora, os minutos. Após o sexo, embevecido. Ou no cinema escorregando as palavras num beijo. Ou antes de um aceno ao trabalho.
Aquele eu te amo que rodopiou na garganta até ganhar a forma da boca. Aquele eu te amo que fora ensaiado em diversos momentos de alegria, e recuou por vergonha.
Quando ele vem, é um balbucio: estranho, inseguro, desajeitado como um pedido de desculpa.
Sim, o primeiro “eu te amo” é um pedido de desculpa:
– Desculpa, eu te amo.
– Desculpa, eu me ferrei.
– Desculpa, não quis, só que aconteceu.
O primeiro eu te amo é uma série vitoriosa de fracassos. Fracasso da amizade (não consigo ser mais seu amigo). Fracasso da independência (não consigo mais viver longe de você). Fracasso da mentira (não consigo mais mentir para você).
A declaração aparece tímida. Temos que sempre repetir – este é o constrangimento. O primeiro eu te amo nunca é ouvido. E ainda enfrentaremos a pergunta desconfiada de nossa companhia: “O que você disse?”.
Ai, como é sufocante. Muitos mentem e, já acovardados, não insistem. Expor o eu te amo parte de uma tontura, repetir é embriaguez.
O primeiro eu te amo surge com voz de adolescente, aquele timbre indefinido, arenoso: metade infância, metade adulto. Soprado, sussurrado, comovido.
É um caminho sem volta. Um desabafo que se consome em decisão e que se impõe como destino. Depois não tem como alegar que errou, que se confundiu, não há retratação possível, seu advogado não poderá construir nenhuma versão convincente para desfazer o mal-entendido.
Mas o primeiro eu te amo, ainda que represente uma estreia da vida a dois, é discreto diante de outro movimento dos lábios que costuma passar despercebido.
Quando chamamos o nosso par de “Meu Amor”. Quando personificamos o Amor.
Quando ele deixa de ser um nome, alguém, para ser o nosso próprio sentimento.
Quando abandonamos seu registro, seu batismo, para tratá-lo como se fosse a nossa emoção encarnada.
Não tem como consertar, a projeção virou realidade. É quando realmente confiamos nossa individualidade.
É amor para cá, é amor para lá, é amor para acordar, é amor para dormir, é amor para pedir qualquer coisa, é amor no e-mail, no telefone, nos cartões. É amor amor amor infinito, dobrado, multiplicado, incansável.
Está feito o estrago. Se nos despedirmos, se nos separarmos, não estaremos nos afastando de uma pessoa, e sim do Amor.
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